O jantar, de Herman Koch.
Do escritor holandês Herman Koch, o romance (ou seria uma
novela?) “O jantar” surpreende o
leitor com sua intrigante narrativa psicológica. Ambientado em Amisterdã, o
enredo traz dois casais que se encontram para tratar civilizadamente de um
assunto que pode mudar o rumo de suas vidas. Paul e Claire são convidados por Serge,
político carismático e candidato ao cargo de primeiro-ministro holandês, e Babette
para jantar em um conhecido restaurante da região. O tema da conversa – o que
fazer diante da atitude bárbara dos filhos? – não é nada palatável e contrasta
com certo requinte do lugar.
Em um primeiro momento, a narrativa um pouco arrastada
prepara terreno para o prato principal. Através de Paul e de pequenos
comentários aparentemente sem importância – “Claire é mais inteligente que eu” –
o leitor consegue delinear o perfil psicológico de cada personagem, surpreender-se
com rumo da conversa e antever que ela não terminará nada bem.
Longe ser apenas mais um thriller psicológico,
“O jantar”, ao trazer na medida certa
técnicas narrativas conhecidas, como o flashback, para revelar pouco a pouco o
que tanto afligia os casais, atrai a atenção pelo sutil suspense que apresenta.
É interessante acompanhar esse discreto suspense transformar-se em grande tensão
à medida que olhares são trocados, segredos são desvelados e o momento da sobremesa
aproxima-se para revelar o lado mais obscuro dos seres humanos.
Apesar de o final poder ser considerado previsível para
alguns, a leitura do livro de Koch é extremamente válida, pois o que mais
importa nesse livro não é necessariamente o desfecho do enredo, porém o modo
pelo qual ele é conduzido e as inúmeras reflexões suscitadas, já que “O jantar” diz respeito a uma série
assuntos: família, violência, jogos políticos, preconceito, derrota, aparência e
(in)felicidade. São cinco estrelinhas.
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